quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Vitaminas Lipossolúveis

As vitaminas Lipossolúveis são:

  • A
  • D
  • E
  • F
  • K


VITAMINA A


Dados históricos: A cegueira noturna, a principal manifestação da carência de vitamina A, já era conhecida dos egípcios há mais de 3 mil anos. Eles desconheciam a razão dessa manifestação, mas a tratavam empiricamente com compressas de fígado frito ou cozido sobre os olhos. Hipócrates, há dois mil anos, já recomendava comer fígado para tratar a cegueira noturna. Em 1865, no Brasil, foi descrita a Oftalmia brasiliana, uma doença que atingia escravos mal alimentados. Só em 1913, num estudo experimental, foi descrito que animais atingidos pela xeroftalmia (secura dos olhos) tinham essa manifestação curada pela ingestão de gema de ovos, leite, manteiga e óleo de fígado de bacalhau. Durante a guerra mundial de 1914-1918 foi observado que a xeroftalmia em humanos era decorrente da carência de manteiga na dieta.


Sinônimos: Os retinóides. São substâncias como o Retinol e seus derivados que têm as propriedades biológicas da vitamina A. Os retinóides ocorrem na natureza, ou são produzidos sinteticamente.

Dose diária recomendada : 1 mg ou 5.000 UI

Principais funções: importante para as funções da retina, principalmente para a visão noturna. Exerce ainda função na cornificação da pele e das mucosas, no reforço do sistema imunológico, na formação dos ossos, da pele, cabelos e unhas. É importante no desenvolvimento embrionário. Tem influência nas reações imunológicas, e teria efeitos na prevenção de certos tumores.

A vitamina A tem função anti-oxidante. Ela se fixa aos chamados radicais livres que se originam da oxidação de diversos elementos. Esses radicais livres teriam um efeito nocivo para as células e são tidos como causadores de arterioesclerose, catarata, tumores, doenças da pele e doenças reumáticas.


Principais fontes de vitamina A, conteúdo em cada 100 gramas de alimento:

  • Fígado - 25 mg
  • Fígado de galinha - 11 mg
  • Fígado de gado - 8 mg
  • Patê de fígado - 2 mg
  • Cenouras -1 mg.


Nota - em 1 grama de fígado do urso polar se encontram 12 mg (40.000 UI) de retinol.


Manifestações de carência:


Olhos - a ceratomalácia (amolecimento da córnea), olhos secos, com ulcerações e xerose da conjuntiva e córnea, são as manifestações mais precoces. A cegueira noturna, a mais conhecida, é uma das primeiras manifestações de carência da Vitamina A. A dificuldade extrema de visão, inclusive a cegueira total são as manifestações mais graves da sua carência.

Sistema respiratório - o epitélio das vias aéreas sofre alterações, a queratinização, o que propicia um aumento de infeções. Pode haver uma diminuição da elasticidade pulmonar, dificultando a respiração.

Pele - a queratinização e a secura da pele levam à erupção de pápulas que envolvem os folículos sebáceos, principalmente nas extremidades dos membros.

Sistema gênito-urinário - a deficiência de vitamina A leva à formação de cálculos renais. O epitélio das vias urinárias se torna rugoso, o que facilita o depósito de cristais e a formação dos cálculos. Ocorrem ainda alterações na formação de espermatzóides, degeneração de testículos, abortos, anomalias e mortes fetais.

Sistema digestivo - ocorrem alterações no epitélio intestinal, metaplasias no epitélio dos dutos pancreáticos que seriam responsáveis pelas diarréias atribuídas à falta de vitamina A.

Glândulas sudoríparas - podem atrofiar e sofrer queratinização. As alterações do suor podem alterar os cheiros do corpo para pior.

Ossos - Nos animais, experimentalmente, a falta de vitamina A provoca alterações, como o aumento da porosidade e espessamento dos ossos.

Sistema nervoso - Alterações do olfato, do paladar e da audição podem ocorrer. Lesões de nervos e aumento na produção de líquor com hidrocefalia têm sido relatados.

Sangue - pode haver diminuição na formação de glóbulos vermelhos.


Manifestações de excesso:

O excesso de vitamina A, uma situação freqüente em pessoas que ingerem vitaminas deliberadamente, pode causar manifestações clínicas desagradáveis e até perigosas.

A intoxicação por vitamina A pode ser aguda ou crônica. A Ingestão prolongada de 30 mg/dia de retinol, durante 6 meses ou mais, provoca intoxicações. Algumas pessoas, mesmo com 10 mg/dia, já apresentam sintomas. Em crianças, 7,5 a 15 mg/dia durante um mês já produz manifestações de toxicidade. Para acontecer uma intoxicação aguda, são necessários para um adulto 500 mg, para um jovem, 100 mg e para uma criança, 30 mg.

Pela ingestão exagerada podem surgir manifestações como pele seca, áspera e descamativa, fissuras nos lábios, ceratose folicular, dores ósseas e articulares, dores de cabeça, tonturas e náuseas, queda de cabelos, câimbras, lesões hepáticas e paradas do crescimento, além de dores ósseas. Podem surgir também falta de apetite, edema, cansaço, irritabilidade e sangramentos. Aumento do baço e fígado, alterações de provas de função hepática, redução dos níveis de colesterol e HDL colesterol também podem ocorrer. Já foram observados casos de envenenamentos fatais pela ingestão de fígado de urso polar. Grande cuidado deve ser dado a produtos que contenham o ácido retinóico usado no tratamento da acne

Doses recomendadas ? 1 mg por dia para pessoas normais. Para mulheres grávidas, pessoas com distúrbios de digestão das gorduras, diabete, idosos e alcoólatras são recomendas doses 25 a 50% maiores.


ALERTAS:


1 - Existem estudos realizados com voluntários em que se observou que a ingestão exagerada e prolongada de vitamina A aumentou incidência de câncer, principalmente o de mama e intestino grosso. Isso ainda não está plenamente confirmado.

2 ? A ingestão em excesso de vitamina A pode levar a um aumento na incidência de fraturas de colo de fêmur.

3 ? A ingestão do dobro das necessidades diárias em mulheres grávidas está associada a uma maior incidência de defeitos congênitos específicos das crianças. Essa também é uma assertiva que necessita ser confirmada.

Sugestão final ? se você é uma pessoa normal, com alimentação normal, evite a suplementação de vitamina A. Se apresentar alguma manifestação sugestiva de carência dessa vitamina, consulte o seu médico e peça orientação.

VITAMINA E


Histórico : Em 1922, Evans e Bischop observaram que ratas grávidas não conseguiam manter a prenhez na falta de um fator desconhecido. Engravidavam, mas, abortavam posteriormente. Também foram observadas alterações nos testículos dos ratos carentes dessa substância, considerada como sendo anti-Esterilidade, daí vitamina E. Evans isolou a vitamina E em 1936, verificou que se tratava de tocoferóis, num total de oito, sendo o alfatocoferol o mais importante.

Sinônimos: tocoferol. Em verdade são oito substâncias semelhantes reunidas sob o nome de tocoferóis.


Dose diária recomendada: 10 a 30 UI.


Principais funções: Inicialmente era tida como a vitamina da fertilidade, sendo indicada para tratar a impotência sexual. Para desilusão de alguns, isso nunca foi comprovado.

Em animais (ratos), a falta de vitamina E provoca alterações neurológicas degenerativas da medula. Em humanos, a falta de vitamina E provoca alterações neurológicas como diminuição dos reflexos, diminuição da sensibilidade vibratória, da propriocepção e oftalmoplegia. As dificuldades visuais podem ser agravadas pela retinopatia pigmentar também provocada pela falta de vitamina E.

Não existem provas que demonstrem ser a vitamina E de utilidade no tratamento de distúrbios menstruais, vaginites, alterações de menopausa, toxemia gravídica e dificuldades reprodutivas.

A vitamina E ajuda no tratamento de miopatias necrosantes mas não é útil no tratamento da distrofia muscular.

Os tocoferóis agem como antioxidantes, protegendo as células dos efeitos nocivos das substâncias tóxicas, principalmente dos radicais ácidos. Atualmente, se admite que protegem do câncer, da arteriosclerose, das inflamações articulares e das complicações do diabete, por bloquearem as modificações oxidativas das lipoproteinas de baixa densidade. É discutível se doses altas de Vitamina E exerçam algum benefício na prevenção de doenças cardiovasculares. Existem observações em que foram administrados 400 UI/dia de Vitamina E em pacientes portadores de doença isquêmica do coração. Nesse grupo, a incidência de um infarto do miocárdio foi reduzida para a metade, mas, a vida média dessas pessoas não foi prolongada. Um outro estudo mostrou que em pacientes submetidos a diálise renal, por serem portadores de insuficiência renal crônica, a incidência de mortes por doença do coração caiu para a metade do esperado quando lhes foi administrada a Vitamina E. Já num estudo realizado na Itália, na mesma situação clinica, não se verificou uma mudança significativa da incidência de doenças cardiovasculares ao lhe administrarem altas doses de Vitamina E. No entanto, o número de mortes por causas cardíacas foi significativamente menor.

Devemos salientar ainda que o efeito anti-radicais livres é obtido principalmente na presença dos flavonóides.


CONCLUSÕES:


a) A curto prazo, em cardiopatas, não existem evidências de benefícios óbvios com a suplementação de Vitamina E. Um benefício a longo prazo ainda não está definido.

b) Quanto aos benefícios na prevenção do câncer, os resultados são controversos. Para evitar o câncer de seio, não existem evidências que o confirmem. Quanto ao câncer de intestino grosso, os resultados são conflitantes. Um grupo que avaliou a associação de Alfa-tocoferol mais Beta caroteno, notou uma significativa redução do câncer de próstata e nenhum benefício na prevenção de outras doenças cancerosas. Esse mesmo grupo de investigadores observou que, dentre os fumantes, houve um aumento significativo de acidentes vasculares cerebrais quando recebiam altas doses de Vitamina A e E.

c) Existem evidências discretas de que altas doses de Vitamina E associadas ao Gingo bolina tornariam a progressão da doença de Alhzheimer mais lenta.


Principais fontes : azeites vegetais, cereais e verduras frescas. O leite de mulher contém vitamina E suficiente para o filho em aleitamento ao peito, ao contrário do leite de vaca.


Manifestações de carência : vide as principais funções descritas acima.


Manifestações de excesso : a vitamina E, mesmo em altas doses, não é tida como tóxica, mas se ingerida em excesso pode, eventualmente, competir na absorção e reduzir a disponibilidade das outras vitaminas lipossolúveis, além do ferro dos alimentos, e, assim, colaborar para o desencadeamento de anemias. Observou-se ainda que altas doses de Vitamina E aceleram a progressão de retinite pigmentosa.

VITAMINA K


Histórico : Em 1929, Dam observou que pintos alimentados com certas rações apresentavam sangramentos decorrentes da diminuição dos níveis de protrombina no sangue. Seis anos depois, verificou que uma substância desconhecida, solúvel em gorduras, combatia as perdas de sangue. Deu-lhe o nome de vitamina K (Koagulations Vitamine ). Na mesma época, outros investigadores, observando pacientes ictéricos e pesquisando as causas da diminuição da coagulabilidade sangüínea, verificaram ser a diminuição de protrombina o fator responsável. Em 1936, observaram que animais com fístulas biliares, em que a bile não chegava ao intestino, apresentavam o mesmo problema e verificaram que podiam corrigi-lo, alimentando os animais com sais biliares.


Sinônimos: A vitamina K é composta de 3 tipos, a K1 (Fitonadione), a K2 (menaquinonas) e a K3 (menadione).


Doses diárias recomendadas: Não estão ainda determinadas as doses mínimas diárias necessárias para manter a normalidade da coagulação. Admite-se como sendo 0,5 a 1 micrograma por kg de peso o mínimo necessário. Pessoas deficientes em vitamina K são tratadas com 0,03 microgramas por kg de peso. Nas pessoas adultas, a vitamina K2 é formada no próprio intestino do indivíduo por ação de bactérias sobre o conteúdo intestinal. A vitamina K1 vem dos vegetais. Em recém-nascidos isso não aconteceu ainda, motivo pelo qual alguns pediatras a administram para as crianças logo após o nascimento a fim de evitar as conseqüências de uma carência (Sangramentos).


Principais funções: As vitamina K1 e a K2 praticamente não têm atividade farmacodinâmica em pessoas normais. A vitamina K atua na produção de protrombina, fator importante na coagulação do sangue. Age ainda na prevenção de osteoporose em idosos e mulheres depois da menopausa.


Principais fontes: verduras e fígado.


Manifestações de carência: em adultos é extremamente rara e pode ser a conseqüência de doenças em que exista má função do fígado, má absorção intestinal, alterações da flora intestinal (uso prolongado ou intensivo de antibióticos), ou desnutrição. A carência se manifesta por tendência ao sangramento.

Manifestações de excesso : As vitaminas K1 e K2 não são tóxicas, mesmo em altas doses. Já a vitamina K3, em altas doses, pode provocar anemia e lesões no fígado.

A injeção de Fitonadione na veia pode provocar dores no peito, choque e, raramente, a morte, o que por alguns é atribuído aos solventes usados nas soluções injetáveis. O Menadione é irritante para a pele e para os pulmões, podendo provocar anemia hemolítica, kernicterus nos recém-nascidos, principalmente em crianças prematuras. Em pessoas doentes do fígado, tanto a menadione como o fitonadione podem deprimir ainda mais a função hepática.

VITAMINA D


Histórico: A vitamina D, em verdade, é a denominação atribuída a duas substâncias, o colecalciferol e o ergocalciferol; ambas têm a propriedade de evitar ou curar o raquitismo. O raquitismo era atribuído à falta de ar fresco e de sol para as crianças criadas em zonas urbanas, outros autores creditavam a doença a erros alimentares. Em 1919, dois autores, Mellanby e Huldschinsky verificaram que todos tinham razão, pois, adicionar óleo de fígado de bacalhau à dieta, ou expor as crianças ao sol, prevenia ou curava a doença. Em 1924, os autores Heis, Steenbock e Black verificaram que irradiando as rações animais com radiação ultravioleta também curava ou prevenia o raquitismo.


Sinônimos: Calciferol


Doses diárias recomendadas: 400 UI


Principais funções: A vitamina D age como um hormônio na regulação do cálcio dos ossos e sangue.


Principais fontes: O organismo humano é capaz de sintetizar a vitamina D a partir do colesterol; por isso, poderia deixar de ser considerada uma vitamina, segundo a definição das mesmas. Nas regiões em que há pouca radiação solar, o corpo humano tem a necessidade de complementar as carências alimentares e/ou ambientais. As principais fontes são fígado, óleos de peixes e gema de ovos.

Existem no mercado produtos lácteos "enriquecidos" de vitaminas D, o que num país ensolarado como o Brasil é dispensável (vide manifestações de excesso abaixo)

Manifestações de carência: a carência de vitamina D provoca, nas crianças, o raquitismo e, nos adultos, a osteomalácia (amolecimento dos ossos). Nos idosos, leva à osteoporose.


Manifestações de excesso: doses exageradas de vitamina D provocam a hipercalcemia (excesso da cálcio no sangue), o que favorece o depósito de cálcio nos vasos (arteriosclerose), e, ainda, a eliminação aumentada de cálcio na urina o que, por sua vez, favorece a formação de cálculos urinários. Altos teores de cálcio no sangue alteram as funções do coração e dos nervos.

Tanto o excesso como a carência de vitamina D alteram a formação dos ossos.

VITAMINA F


Sinônimos: Nome Vitamina F é uma denominação antiquada que agrupa os ácidos graxos não saturados essenciais (não formados no organismo humano), como o ácido linoleico, o ácido oleico e o ácido linólico. Não são aminas e, por isso, deixaram de ser considerados como sendo vitaminas.


Principais funções: Protetores cutâneos e interferem no crescimento do corpo humano. Os ácidos graxos essenciais são usados principalmente nos cosméticos de uso tópico e servem para deixar a pele macia por terem um efeito antiqueratinizante. São muito usados para tratar as peles secas, peles rachadas e envelhecidas.


Principais fontes : O nome de vitamina F vem por serem os ácidos graxos essenciais encontradas em gorduras. Gordura em alemão é Fett, ou, em inglês, é Fat. É encontrada principalmente no óleo de milho, de girassol, de soja, de caroço de uva, de germe de trigo, nos óleos de oliva e de peixes e, desses, principalmente nos de água fria.



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